Nova Deli, Índia – A tensão religiosa na Índia atingiu um novo patamar com o anúncio de um ataque coordenado contra cristãos no estado de Chhattisgarh, marcado para 1º de março de 2025. Líderes hindus, incluindo o influenciador Adesh Soni e o religioso Shankaracharya Avimukteshwaranand Saraswati, incitaram publicamente o “estupro e assassinato” de fiéis, alegando proteção às vacas, animais sagrados no hinduísmo. Apesar de denúncias internacionais, poucas ações concretas foram tomadas contra os autores das ameaças, refletindo a impunidade estrutural apontada por organizações de direitos humanos.
Legado Histórico e Conflitos Atuais
A violência religiosa na Índia tem raízes profundas, desde a Partição de 1947, que deslocou 15 milhões de pessoas e matou até 1 milhão em conflitos entre hindus e muçulmanos.
Hoje, o foco expandiu-se para cristãos, que representam 2,3% da população. Em estados como Gujarat e Madhya Pradesh, multidões invadem igrejas, destruindo símbolos religiosos e agredindo fiéis — prática justificada por leis estaduais que criminalizam conversões.
Mulheres e Minorias: Alvos Prioritários
Relatos detalham que mulheres convertidas ao cristianismo sofrem violência doméstica, prisão domiciliar e até ataques com ácido. Em comunidades tribais, jovens são sequestradas para “reconversões” forçadas ao hinduísmo, muitas vezes com apoio tácito de autoridades locais. Paralelamente, muçulmanos enfrentam estigmatização crescente, com casos de linchamento por suspeita de transporte de carne bovina e campanhas online de ódio, como os “leilões virtuais” de mulheres muçulmanas.
Respostas Governamentais e Críticas
O primeiro-ministro Narendra Modi, do BJP, nega negligência com minorias, afirmando que “a Índia protege todas as religiões”. No entanto, a ausência de ministros muçulmanos em seu governo e a lentidão em processar agressores alimentam ceticismo. Em contraste, o estado de Kerala aprovou medidas protetivas para igrejas, mostrando disparidades regionais na aplicação da lei.
Conclusão: Um Chamado à Coexistência
Enquanto líderes religiosos pedem diálogo interconfessional, analistas alertam para o risco de fragmentação social. “A Constituição indiana é secular, mas sua implementação depende da vontade política”, ressalta o jurista Rajesh Patel. Em meio à crise, histórias como a de Kaleem Ahmed Qureshi, músico muçulmano que evita revelar seu nome em trens, ilustram o custo humano de uma nação dividida.